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Tire suas dúvidas sobre cirurgia bariátrica (redução de estômago)

A primeira opção para se livrar do excesso de peso é o chamado tratamento clínico, que inclui dieta, atividade física e algumas vezes necessita de medicação. Essas orientações tem como objetivo conscientizar o paciente da necessidade de trocar o sedentarismo e a má alimentação por hábitos de vida mais saudáveis que contemplem atividade física e dieta balanceada.

Nos casos em que a obesidade traz prejuízos à saúde e o tratamento clínico se mostra ineficaz, o tratamento cirúrgico deve ser considerado. O método é conhecido popularmente como “redução de estômago”, mas é muito mais do que isso. Existem vários tipos de cirurgias disponíveis e cabe ao médico apresentá-los ao paciente e recomendar o mais apropriado para cada caso. Nesse artigo me dedicarei as duas técnicas que utilizo, e que são reconhecidas por sua eficácia na perda de peso, na melhora de comorbidades pré existentes e consequentemente na melhora da qualidade de vida.

Mesmo nos casos onde existe a indicação de cirurgia é necessário que ocorra a reeducação do paciente na forma física, psicológica e nutricional para que, além da perda de peso e melhora da qualidade de vida, está se mantenha por toda a vida, e não haja um reganho no peso fazendo com que todo esforço anterior seja jogado fora.

A cirurgia bariátrica não tem fins estéticos, é uma cirurgia que vai alterar os hábitos e a qualidade de vida do paciente com o objetivo de fazê-lo ter uma vida mais saudável e longa. Os métodos para o tratamento cirúrgico contra a obesidade são bem radicais e devem ser feitos em condições extremas, ou seja, quando o paciente não consegue mais reduzir seu peso sozinho e corre risco de morte devido à obesidade e suas doenças relacionadas.

Pré-Requisitos para a Cirurgia Bariátrica Para ser submetido aos tratamentos cirúrgicos, o paciente deve: * Estar o IMC (Índice de Massa Corporal) de 40 ou superior a isso; * Pacientes com IMC de 35, mas que tenham problemas de saúde relacionados à obesidade; * Faixa etária de 16 a 60 anos; * Histórico em não conseguir perder peso. * Avaliação clínica completa e exames pré-operatórios.

Avaliação Médica Os médicos necessitam realizar esse procedimento a fim de verificar doenças que podem ser fatores de risco para a cirurgia. A avaliação deve ser criteriosa, pois há algumas doenças intimamente ligadas à obesidade. São elas: diabetes, pressão alta, doenças do fígado, doenças circulatórias, entre outras.

Psicologia e Cirurgia Bariátrica Antes mesmo que ocorra o procedimento cirúrgico, o paciente deve ser submetido a uma avaliação psicológica, pois se for verificada uma psicopatologia grave ou dificuldades em entender o processo que será feito, a cirurgia bariátrica deve ser contra-indicada, importante o paciente entender sua nova forma de vida para que ocorra uma adaptação mais tranquila quanto a isso. O período após a cirurgia é considerado pelos pacientes como o mais difícil, devido ao desconforto e falta de adaptação. Após o procedimento, o psicólogo deve acompanhar o paciente no intuito de auxiliá-lo nessa nova fase, pois ele terá que lidar com uma nova aparência, as dificuldades do pós-operatório e as limitações alimentares. A família é fundamental nesse processo, para que possam auxiliar nesse entendimento dessa "nova vida" e oferecer o incentivo necessário. Esse apoio é extremamente importante para que possíveis dificuldades e o medo do paciente sejam verificados e superados.

PREPARAÇÃO

O preparo pré-operatório otimiza a segurança e os resultados da cirurgia bariátrica e metabólica. Solicita-se ao paciente que se esforce para perder um pouco de peso antes da cirurgia, pois alguns quilos a menos podem oferecer melhores condições à anestesia geral e à operação.

Nessa fase, também é obrigatório o preenchimento do documento Consentimento Informado, no qual o paciente reconhece estar devidamente informado sobre os benefícios e riscos da cirurgia.

No pré-operatório, o paciente deve realizar uma série de exames, como endoscopia digestiva alta e exames laboratoriais, além de passar em consulta com os profissionais obrigatórios da equipe multidisciplinar.

Após a cirurgia, o paciente deve tomar vários cuidados, já que o procedimento é complexo e exige uma série de fatores visando acelerar o processo de cicatrização e a adaptação a seu novo estilo de vida. Nos primeiros dias após o procedimento, devem ser ingeridos somente líquidos de forma lenta e as orientações de uma nutricionista também são importantes. A incisão que é feita para o procedimento cirúrgico deve ter seu curativo sempre trocado e o local deve ser limpo e seco regularmente. Pode ser feita a prática de exercícios moderados como a caminhada e deve-se evitar pegar coisas muito pesadas. Embora muito raramente a cirurgia pode gerar complicações, como infecções, tromboembolismo (entupimento de vasos sanguíneos), deiscências (separações) de suturas, fístulas (desprendimento de grampos), obstrução intestinal, hérnia no local do corte, abscessos (infecções internas) e pneumonia. Além disso alguns sintomas gastrointestinais podem aparecer após a refeição.

Abaixo um resumo das duas técnicas que mais utilizo

Bypass gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”)

O bypass gástrico é a técnica bariátrica mais praticada no Brasil, correspondendo a cerca de 75% das cirurgias realizadas, devido a sua segurança e, principalmente, sua eficácia. Embora a gastrectomia vertical esteja crescendo entre vários cirurgiões, o bypass ainda é o mais realizado. O paciente submetido à essa técnica cirurgica chega a perder de 40% a 45% do peso inicial.

Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o seu tamanho, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento da saciedade é o que leva ao emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças, como a hipertensão arterial.

Gastrectomia vertical (Sleeve)

Nesse procedimento, o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 80 a 100 mililitros (ml). Essa intervenção provoca boa perda de peso, comparável à do bypass gástrico e maior que a proporcionada pela banda gástrica ajustável.

É um procedimento relativamente novo, praticado desde o início dos anos 2000. Tem boa eficácia sobre o controle da hipertensão e de doenças dos lípides (colesterol e triglicérides). Nos últimos congressos vem se discutindo muito a melhora da diabetes nessa técnica cirúrgica, já sendo realizada por muitos cirurgiões. Acredita-se que em pouco tempo será a técnica cirúrgica mais realizada. 

Para o sucesso da cirurgia bariátrica é fundamental escolher uma equipe médica qualificada, um entendimento sobre os riscos e benefícios do procedimento, ter apoio familiar, e fazer os acompanhamentos necessários com a equipe multidisciplinar. Dessa forma os resultados esperados serão mais facilmente atingidos.